11 setembro 2013

Cometas em 2013: novo cometa descoberto por Terry Lovejoy (C/2013 R1)

Imagem do dia 10/9 mostrando o cometa e a presença de um traço de um satélite. Crédito Michael Jaeger.
O prolífico descobridor de cometas Terry Lovejoy (da Austrália) anunciou no último dia 9 de Setembro (2013) a descoberta de um novo cometa que recebeu a designação C/2013 R1 (Lovejoy). Para a descoberta, ele usou um telescópio refletor de 20 cm de diâmetro do tipo Schmidt-Cassegrain.

O astro se localizava na constelação de Monoceros e brilhava a magnitude 14.5. Outras observações mostraram este novo cometa com uma pequena condensação (coma).

Para observá-lo visualmente em Setembro e Outubro é necessário telescópios maiores, porém, ele será visível como um cometa de magnitude 8.0, ou seja, facilmente observável por binóculos no final do mês de Novembro de 2013. Nessa época (final do mês), o cometa Lovejoy irá passar a aproximadamente 60 milhões de quilômetros da Terra. 

Coincidentemente, Novembro será provavelmente o mês para um verdadeiro encontro de cometas no céu. Teremos a presença do cometa ISON (C/2012 S1, sobre o qual já escrevemos aqui) e também o cometa Encke (com mag. estimada 6.0) junto com os planetas Marte e Júpiter. Para observadores do hemisfério sul, entretanto, a presença do novo Lovejoy não será muito apreciada, já que, no final de Novembro ele estará na constelação da Ursa Maior, acessível, portanto, à observadores do hemisfério norte apenas.

Trajetória aparente do C/2013 R1 no céu. Sua posição no final
em novembro não permite sua observação no hemisfério sul.
De qualquer forma, quem tem instrumentos mais potentes poderá observar a nebulosidade do C/2013 R1, provavelmente até a metade de Novembro aqui no hemisfério sul (veja o mapa acima).

Traremos mais informações sobre o C/2013 R1 ainda antes de seu periélio. 

Referências







16 agosto 2013

Nova Delphini 2013

Fig. 1 Posição da nova na constelação do Delfim, visível com binóculos.
Clique no mapa para amplicar.
O astrônomo Japones Koichi Itagaka de Yamagata no Japão descobriu uma 'nova estrela' na constelação do Delfim (Fig. 1) no dia 14 de Agosto último. Para isso, ele usou um telescópio refletor de 7 polegadas e uma câmera CCD. Essa estrela recebeu a designação temporária PNVJ20233073+2046041. 

Horas mais tarde, ela foi confirmada como um objeto 'novo' que brilhava a mag. 6,8 quase que visível à vista desarmada. Um dia antes da descoberta, nada era visível até a mag. 13 na posição assinalada pelo descobridor. Com esse brilho, a nova estrela pode ser facilmente fotografada com equipamento comum, usando-se exposições curtas de até 30 segundos. 

Fig. 2 Mapa feito como Stellarium por Bob King mostrando a aparência da nova estrela em
um campo e 2 graus. Os número indicam valores de magnitude (sem a separação decimal). 
A aposta é que esse novo objeto continuará a crescer de brilho, talvez atingindo o limite para observação visual desarmada, mesmo contando com a poluição luminosa (Fig. 3). Embora a designação de 'nova', acredita-se que se trata, de fato, de uma explosão de uma estrela que sempre existiu no lugar, mas que era fraca demais para provocar qualquer atenção especial. Segundo teorias modernas, uma nova ocorre quando dois objetos peculiares (um deles sendo uma anã branca) estão muito próximos. A anã branca extrai gás de sua companheira  muito maior e esse gás bastante aquecido (a temperaturas que chegam a centenas de milhares de graus Celsius), provoca o clarão observado como nova. 

Esse fenômeno pode reduzir em até 16 pontos o valor de magnitude do objeto, o que representa um aumento de 100 mil vez no brilho intrínseco.

Para astrônomos amadores de plantão, o fenômeno é raro o suficiente (poucas novas ficam abaixo de mag. 8,0) para justificar uma campanha de acompanhamento de brilho, anotando-se cuidadosamente os valores por comparação com estrelas vizinhas, conforme mostra o mapa feito por Bog King na Fig. 2.

Para um mapa com maior campo:

http://media.skyandtelescope.com/documents/Nova_in_Delphinus_PSA64.pdf

Fig. 3 Curva de brilho da Nova Delphini até 16 de agosto de 2013, mostrando brilho crescente na data. Cortesia: AAVSO.
Referência





23 junho 2013

Relatos de minhas observação do 1P/Halley em 1986


Uma observação nossa, datada de 5 de abril de 1986 foi encontrada em nossos registros de observação. Depois de 27 anos, temos a chance de publicá-la, com desenhos que foram feitos na época. Essas observações foram feitas desde Piracicaba/SP e usei um binóculo 7X50 e um telescópio refletor Newtoniano de 120 mm de diâmetro marca DFV (DF Vasconcellos).

Página 1 do relato de observações em 5 e 4 de abril de 1986.
Clique na imagem para ampliá-la.
O texto da Página 1, escrito à máquina diz:
Minha primeira observação pós periélica do cometa Halley se deu às 8:30 da manhã (TU) do dia 14 de março. Estava ele acima da constelação de Capricórnio, dentro de um quadrilátero formado por quatro estrelas em forma de trapézio. 
A cauda perfeitamente visível não excedia os 4 graus, mas a cauda real deveria ser bem maior. A olho nu, era possível vê-la estreita e pequena. Esta cauda revelava-se, ao binóculo 7X50, grossa e com um bom comprimento. Talvez sua espessura seja devido ao efeito de perspectiva entre a cauda de poeria e a de gás. 
A magnitude visual do cometa na ocasião era, por incrível que pareça, superior à magnitude do aglomerado globular ω Centauri. A dimensão da cabeleira era da ordem de 7' de arco, com um núcleo óptico de diâmetro superior ao estelar, portanto, maior que 1" de arco.
E prossegue:
No dia 21 de março, volto à observação no mesmo horário.  
A principal diferença era o fato da cauda apresentar uma menor curvatura do que no dia 14. 
No dia 26 de março, a influência da Lua é marcante no comprimento da cauda. Sua redução é quase que completa, somente destacando-se a cabeleira e o núcleo. 
4 de abril -------------------
Início: 2:30 TU. 
A cauda apresentava-se muito menor do que no dia 14 de março. 
O fato mais marcante da observação foi o diâmetro da cabeleira, que apresentava-se bem maior do que antes, devido a sua maior proximidade com a Terra. O diâmetro era de ordem de 13' com núcleo um pouco mais nebuloso. 
A magnitude visual este dia era de ordem inferior ao do aglomerado globular ω Centauri. Talvez isso seja devido a proximidade do horizonte, o que diminuiria sua luminosidade. 
Observação: todas as observações foram realizadas em área urbana, com poluição luminosa não muito influente e sem poluição atmosférica.
Página 2 do relato de observações em 5 e 4 de abril de 1986.
Clique na imagem para ampliá-la.
Finalmente, a foto apresentada no final, é uma reprodução de uma imagem publicada no jornal na época, de autoria e data desconhecidos. O texto é acompanhado com desenhos feitos à mão do que pude observar nessas datas. Minha descrição do céu urbano de Piracicaba na época era de 'pouca influência da poluição luminosa', o que contrasta com os dias atuais.