15 abril 2015

Um mapa celeste moderno: a ferramenta Aladin (versão 8.0)

Imagem do software Aladin 8.0 (para Windows). Esse sistema permite acessar todo o céu em vários comprimentos de ondas e com grande resolução. Diversas ferramentas de medida (fotometria etc) estão disponíveis como plugins. 
Talvez poucos sabem que, para se ter acesso a imagens do firmamento em resolução de céu profundo, basta um PC conectado a Internet. Foi-se o tempo de adquirir mapas celestes em papel, que iam até valores limites de magnitude abaixo de dois dígitos. Ou também adquirir caríssimos mapas de maior resolução, apenas disponíveis a observatórios profissionais. Uma ferramenta "leve" e pronta para uso é o software Aladin, que pode ser baixado desde:

http://aladin.u-strasbg.fr/

Clique em "Aladin Desktop" e escolha a versão de seu sistema operacional. Este software já está na versão 8.0 e é bastante leve porque a informação buscada é baixada à medida que é requerida. Alias, há uma versão para o brownser (http://aladin.u-strasbg.fr/AladinLite/), que não requer baixar nenhum aplicativo (mas que exige instalação do plugin JAVA) e que pode ser usado em plataformas móveis com, por exemplo, Ipads. O site acima descreve o software de uma maneira bem singela:
Aladin é um atlas celeste interativo que permite ao usuário visualizar imagens astronômicas digitalizadas de buscas completas, superimpor entradas de catálogos astronômicos e bancos de dados interativamente, acessar dados e informações relacionados ao banco de dados Simbad, do serviço VizieR, além de outros arquivos de objetos astronômicos no campo.
O VizieR (http://vizier.u-strasbg.fr/index.gml) é um serviço do Observatório Astronômico de Estrasburgo que é rota de acesso a um grande banco de dados de objetos astronômicos de diversos projetos. Com o Aladin é possível ter acesso ao céu em vários comprimentos de onda e não apenas no visível. Existem muitas funcionalidades associadas ao Aladin, que é uma aplicação feita em JAVA. A ideia do software é dar ao usuário a possibilidade de navegar pelo céu em várias "camadas" de dados - ou seja, a busca no mapa é, na verdade, uma inspeção em um banco. 

Uma das funcionalidades mais interessantes desse software é a função de zoom. De fato, ao se abrir o software pela primeira vez, a impressão que se tem é de um mapa da esfera celeste comum. É possível ampliar as regiões até escalas bem pequenas como 1 minuto de arco ou menos.

É possível realizar buscas com nomes conhecidos. Para isso, clique em "Ctrl+R" e preencha (em inglês) o nome do objeto buscado no campo "Location". Se ele estiver na lista interna da base, o resultado será a exibição do objeto no mapa.

O mapa na luz visível é obtido clicando-se no botão "DSS". Algumas das camadas de busca possíveis são:
  • 2MASS: para o infravermelho;
  • WISE para o infravermelho;
  • GALEX para o ultravioleta;
  • PLANCK: para a banda de rádio;
  • AKARI: para o infravermelho distante;
  • Fermi: para raios gama
  • Constell: carrega a fronteira entre as constelações;
  • WDS: indica a posição das estrelas duplas na área de busca do usuário;
  • GCVS: carrega as posições das estrelas variáveis na área de busca do usuário;
Imagem gravada do software Aladin mostrando pelos círculos amarelos a posição de estrelas duplas. 
Além dessas possibilidades, diversos plugins permitem manipular os dados, como é o caso da ferramenta de fotometria.

O Aladin é ideal para quem procura por um mapa de alta resolução - talvez, durante a execução de uma busca mais detalhada pelo céu, tenha topado com algum objeto desconhecido, possivelmente um asteroide ou cometa. Para o amador da astronomia no visível (observadores de estrelas duplas, variáveis, deep sky etc), pouco relevância parece existir nos mapas além do visível, porém a disponibilização desses extratos de dados em uma mesma ferramenta permite que buscas comparativas sejam feitas. Nesse sentido, a quantidade de informação disponível pelo sistema Aladin é realmente surpreendente.




01 abril 2015

Nota sobre o Eclipse da lua em 4 de abril de 2015


Quem tiver interesse no eclipse total da lua em 4 de Abril de 2015 deve saber que esse fenômeno não será observado em grande parte do hemisfério ocidental - incluindo o Brasil, África e a toda Europa conforme mostra o mapa acima

No caso do Brasil, apenas uma pequena faixa da parte mais ocidental (correspondente ao estado do Acre) poderá ser vista a lua se pondo com o eclipse em sua fase muito parcial. Essas condições não são favoráveis para a boa observação do fenômeno.

Observadores devem esperar até o dia 28 de Setembro de 2015 para apreciar um eclipse total da lua que será plenamente visível nos locais onde esse não será. 

21 março 2015

Nova Sagitarii 2015 (Nova Estrela na constelação do Sagitário)

O "antes e o depois" numa imagem de A. Valvasori feita no dia 16 de Março último,
usando um telescópio de 32 cm de diâmetro. A imagem tem 20' x 20' de área. Fonte: Ref. (1)
Descoberta no dia 15 de Março último, um estrela nova, de coloração amarelada e bem no centro do "pote de chá", pode ser vista por meio de binóculos e até a vista desarmada, caso o observador se localize em região com pouca poluição luminosa (sua magnitude na data deste post é de aproximadamente 4).  A notícia parece ter sido divulgada em primeira mão no site da revista "Sky and Telescope" (1). Segundo a revista, a estrela foi descoberta pelo caçador de novas John Seach na Austrália e apresentava na data a magnitude 6. Ainda segundo a nota, um dia antes nada havia sido registrado no campo da imagem pelo menos até magntude 10,5.

Essa estrela está ao alcance dos observadores do hemisfério sul por se localizar na constelação de Sagitário. A posição da estrela é declinação: –28° 55′ 40″ e Ascensão Reta: 18h 36m 56.8s. O equipamento ideal para sua observação é um binóculo, embora o registro fotográfico da estrela (usando uma montagem fixa) pode ser facilmente obtido.

Até um espectro da estrela já foi feito no dia 17 de Março último por Jerome Jooste na África do Sul conforme mostra a imagem abaixo extraída de seu site de divulgação

Espectro da estrela feito por Jerome Jooste na África do Sul, usando um telescópio refletor de 8 polegadas. As faixas brancas mostram presença de fortes linhas de emissão tipicamente associadas à atmosfera da estrela. 
Um mapa da localização da estrela pode ser visto abaixo como distribuído pela AAVSO. Embora a importância do evento, em 21/3/2015, não se registrou nenhuma notícia dessa nova na primeira página do site da AAVSO. Esse mapa será mais útil à medida que a nova perder brilho e novos observadores tiverem interesse em localizar essa estrela e avaliarem seu brilho. 

Mapa com a posição da Nova Sagitarii 2015 fornecido pela AAVSO.
Referências